Resumo das verdades proferidas pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, na Cúpula Climática da ONU, em Copenhague, Dinamarca, que ninguém quer ouvir.
“O texto apresentado não é democrático, não é inclusivo”. Agora, senhoras, senhores, por acaso não é essa precisamente a realidade deste mundo? Podemos esperar algo democrático, inclusivo, do sistema mundial atual? Isto que vemos aqui é reflexo disso: exclusão. Há um grupo de países que acredita ser superiores a nós os do Sul, a nós o Terceiro Mundo.
Lá fora há muita gente, sabem? Houve alguns detidos, alguns protestos aí nas ruas de Copenhague, a maioria dela jovens. Claro, são jovens preocupados. A maioria dos que estão aqui tem o Sol nas costas; eles têm o Sol na frente e estão muito preocupados.
Eu vinha lendo algumas faixas pintadas nas ruas. Anotei, entre outras, “Não mudem o clima, mudem o sistema”! Não mudemos o clima, mudemos o sistema e, em conseqüência, começaremos a salvar o planeta. O capitalismo, o modelo de desenvolvimento destrutivo está acabando com a vida, ameaça acabar definitivamente com a espécie humana.
A crise bancária que percorreu o mundo e ainda o golpeia, e a forma, como os países do Norte rico auxiliaram os banqueiros e os grandes bancos, levaram a dizerem nas ruaso seguinte: “Se o clima fosse um banco, já o teriam salvado”.
Acredito que o Barack Obama ainda não chegou, recebeu o Prêmio Nobel da Paz quase no mesmo dia que mandava 30 mil soldados mais para matar inocentes no Afeganistão, e vem agora se apresentar aqui com o prêmio Nobel da Paz.
Como os ricos destroem o planeta, o livro de Hervé Kempf. Ele diz o seguinte: “Não poderemos reduzir o consumo material, a nível global, se não fizermos com que os poderosos baixem vários degraus, e se não combatemos a desigualdade; consumir menos e partilhar melhor”.
Bom, senhor presidente, a mudança climática é, sem dúvida, o problema ambiental mais devastador do presente século: enchentes, secas, tormentas severas, furacões, degelos, elevação do nível médio do mar, acidificação dos oceanos e ondas de calor, tudo isso intensifica o impacto das crises globais que nos açoitam.
Os 500 milhões de pessoas mais ricas, ou seja, 7% da população mundial, são responsáveis por 50% das emissões poluentes e os 50% mais pobres do planeta são responsáveis por somente 7%%, não se pode referir aos EUA e à China no mesmo nível. Os EUA têm 300 milhões de habitantes; a China quase cinco vezes mais. Os EUA consomem mais de 20 milhões de barris diários de petróleo; a China 5 ou 6, não se pode exigir o mesmo dos EUA e da China. Essa é a discussão.
Então, senhor presidente, 60% dos ecossistemas ecológicos estão destruídos, 20% da crosta terrestre está deteriorada. Somos testemunhas impassíveis do desmatamento, da desertificação, das alterações dos sistemas de água doce, da exploração intensiva dos recursos marinhos, da poluição e da perda da diversidade biológica.
A utilização exacerbada da terra ultrapassa 30% da capacidade para regenerá-la, todos os dias são emitidos mais resíduos dos que podem ser processados. A sobrevivência da nossa espécie pesa na consciência da humanidade.
Apesar da urgência, decorreram dois anos de negociações desde o Protocolo de Kyoto e cá estamos, nesta reunião, sem um acordo real e significativo, e a esta hora, parece que fracassou.
Senhor presidente, a mudança climática não é o único problema que afeta hoje a humanidade; outros flagelos e injustiças nos atingem, a fenda que separa os países ricos e pobres continua crescendo. Atualmente, morrem em cada ano 9,2 milhões de crianças antes de completarem cinco anos de vida, e 99,9% dessas mortes acontece nos países mais pobres.
Há alguns países que estão apostando para que aqui não haja documento, porque não querem uma lei, uma norma, porque a inexistência dessa norma lhes permite aplicar sua liberdade exploradora.
Conhecem Leonardo Boff? Não sei se ele conseguiu vir, eu o conheci no Paraguai; sempre lemos suas obras—: “Pode uma Terra finita suportar um projeto infinito?” Tenho aqui uma citação, do grande teólogo da Libertação, Leonardo Boff, como sabemos, brasileiro, nosso americano, diz o seguinte: “Qual a causa? Ah, a causa é o sonho de buscar a felicidade através da acumulação material e do progresso ilimitado, utilizando para isso a ciência e a técnica, com as quais podemos explorar de forma ilimitada todos os recursos da Terra”. E mais, “O que poderíamos esperar de Copenhague?” Apenas esta simples confissão: Vamos mudar de rumo? Façamo-lo, mas sem cinismo, sem mentiras, sem duplas agendas, sem documentos saídos do nada, com a verdade por diante.
Até quando vamos permitir que os famintos não possam se alimentar nem alimentar seus próprios filhos, que continuem morrendo milhões de crianças por doenças curáveis, conflitos armados que massacram milhões de seres inocentes, para que os poderosos se apropriem dos recursos de outros povos?
Cessem as agressões e as guerras, pedimos os povos do mundo aos impérios, aos que pretendem seguir dominando o mundo e explorando-nos! Não mais bases militares, nem golpes de Estado! Construamos uma ordem econômica e social mais justa e eqüitativa. Erradiquemos a pobreza. Detenhamos de vez os altos níveis de emissão de gases poluentes, paremos a deterioração ambiental e evitemos a grande catástrofe da mudança climática. Vamos ser todos mais livres e solidários!
Parafraseando - O Libertador - “Se a natureza dos dominadores é se opor, lutaremos contra ela e faremos com que nos obedeça, não esperemos de braços cruzados a morte da humanidade.” Simon Bolívar. Se não o fizermos, a mais maravilhosa criação do universo, o ser humano desaparecerá!
Senhor Presidente, senhoras e senhores, sejamos capazes de fazer desta Terra não a sepultura da humanidade, façamos desta Terra um céu, um céu de vida, de paz e de irmandade para toda a humanidade, para a espécie humana.
Resumo – Daniel MM (Leia no aqui a íntegra do Discurso)
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