As Muralhas e curiosidades!
Verão, muito calor, a saída do Wu Medical até a primeira estação do metrô é cedo, utilizamos o taxi, uma condução barata e honesta em Beijing, se o motorista não conhece o trajeto não te leva, com certeza subsidiada e incentivada pelo governo, assim como os transportes coletivos, metrô incluso, cujo objetivo é reduzir a poluição que é intensa, também tem o fog. Tudo correto e sem maiores problemas, transito sem transtornos ou congestionamentos, incrível para uma cidade de 20 milhões de pessoas. Alguns pedágios no perímetro urbano, 10 Yuan somente nas freeways maravilhosas, elevados, anéis rodoviários, túneis, tudo com mais de quatro pistas escoando rapidamente o grande tráfego. Obras e mais obras, por todo lado gigantescas construções.
Para maior entendimento dos ocidentais, não posso deixar de mencionar o valor do dinheiro, afinal estamos relatando para pessoas que habitualmente escolhem EUA e Europa e até Oriente Médio para viagens de turismo, pois pouco se divulga as belezas da China. Entretanto, acredito que o valor do real a 1,00 = 3.5 Yuan, (RMB) torna as coisas bem melhores e fáceis, para não mencionar o grande atrativo que é surpreender-se constantemente com a beleza histórica e milenar, extasiar-se com o que vemos somente em filmes, enfrentar o incógnito e admirar-se de com ele estar participando daquilo que antes nem em sonhos se ousava.
Um ônibus para nos levar, 12 Yuan, todos sentados, ar condicionado, no horário certo partimos do ponto em Beijing, 70 km em uma rodovia de mão única e três pistas para ir (outra para a volta) com um pedágio em cada e vamos nós, ocidentais só eu e os amigos Gaby e André, guatemaltecos, os demais são chineses com seus celulares (800 milhões de aparelhos) que captam sinal até no meio daquelas enormes montanhas e profundos vales, falam, filmam, assistem TV, tiram fotos, que inveja! Deparo com caminhões dentro de grandes piscinas de concreto lavando as rodas? Descobri depois que eram os que trafegavam em estradas vicinais sem asfalto, obrigados a esse procedimento para não sujar com barro a rodovia e que pode causar acidentes. Na serra com descidas íngremes, reparei nas placas: “Na falta de freios use a área de escape”, eram áreas como na F1, cheias de brita, de quilometro a quilometro, fiquei pasmo ao perceber a preocupação com a vida e com o ser humano. Chegamos à região de Badaling.
Enfim à praça principal, já com visão muito distante das muralhas, porém toda a estrutura de turismo se fazia presente, restaurantes, hotéis, lojas, teatros, bares, bistrôs, e como não somos de ferro, fomos ao almoço. A comida chinesa de um modo geral é apimentada, comem de tudo, mas macarrão e carne de porco em primeiro, alguns pratos são belos, porém agridoces e sempre apimentados, optamos por uma espécie de Udon (prato japonês) a base de macarrão que eles chamam de noodles e arroz. Talheres é coisa de bárbaros, usa-se o “hashi”. Coca e copos de papel, plásticos não usam. Saciados, fomos em frente diretamente à praça de turismo onde se inicia a caminhada que para mim foi uma escalada.
Se paga 45,00 Yuan com direito de ir até aonde você conseguir, são muitos quilômetros e muitos morros e montanhas, atravessa todo o país de leste a oeste, no norte da China. Pude observar pessoas a cerca de 2 km talvez, nas torres altas e próximas, uma caminhada pra ninguém por defeito, eu fiquei nas primeiras torres.
O que dizer sobre um dos maiores monumentos que a humanidade conhece. Seria pretensão querer acrescentar alguma coisa que já não tenha sido divulgado e relatado sobre essa maravilha, que ao contrário do pensam, não é uma estrutura única e sim a junção de várias muralhas, construídas por vários imperadores, iniciada por Qin, desde Shangai até Jiayu, e regiões da Mongólia e Ningxia, também Beijing e apesar de muitas histórias a respeito, não é verdade que pode ser vista da lua.
Sinto-me um privilegiado por ter a oportunidade de visitar a monumental Great Wall, como é chamada pelos visitantes. Afinal não é sempre que podemos ter a possibilidade de decidir se encarávamos percorrer os cerca de 8.851 km (com todas as ramificações) de extensão da muralha toda construída em pedra e há mais de 2.200 anos (iniciou-se em 221 a.C) ou nos bastava apenas contentar com o que nossos olhos alcançavam no momento, decidimos pela segunda, pois eram apenas mil metros. Mas ao chegar à primeira torre, pudemos observar uma grande extensão da muralha serpenteando sobre vales e montanhas, majestosa e imponente.
Horas mais tarde, cansados e extenuados, pausa para descanso, uma gelada e vamos de volta a Beijing, um canteiro de obras organizado sem incomodar a população, tudo flui normalmente e corretamente. Poluição sim, intensa, mas muito verde e flores para ajudar no visual. Pássaros em quantidade. O metrô de alta velocidade, silencioso, ar condicionado funcionando, muita gente, porém nunca lotado.
O taxista errou um retorno, sabíamos que tinha errado, pois já havíamos passado ali, imediatamente travou o velocímetro, ligando-o após chegar ao ponto certo, eu também travei de espanto, geralmente no Brasil fazem o contrário, erram para você pagar mais. Chegamos ao destino após 20 minutos, nota emitida no taxímetro 24,00 Yuan. Tive oportunidade também de me locomover nos riquixás, o bike-taxis, movidos a energia elétrica, (6,00 Yuan), aliás, quase todas são elétricas, capacete não é obrigatório, guardas não se vêm muitos, radares também. Algumas passarelas que cruzam as ruas têm elevadores, porém é de uso exclusivo para pessoas que tem problema de locomoção ou idosos, para outros há a escada rolante ou não.
Sacolas plásticas para compra em mercado, leve a sua, eles vendem e é caro. Tenha sempre um rolo de papel higiênico na bolsa, não é usual oferecer isso nos banheiros. O aeroporto de Beijing é o maior do mundo. A internet é censurada e controlada pelo governo, alguns sites e blogs não têm como acessar, o mercado é imenso 250 milhões de internautas. TV quase toda é do poder público, controlada e mostra apenas o que é permitido, uma censura oficial. Existem pobres no país, principalmente no meio rural e para ser ter mais de um filho, dois no caso, paga-se uma taxa elevadíssima ao governo, além de submeter-se à ligadura. O aborto é legal. Come-se de tudo, cobras, cavalo, cachorro, rãs, muçuns, porém mais no interior. Não se vê cachorros nas ruas de Beijing e isso não é uma piada. Os crimes acidentais de trânsito, mesmo que embriagado, se a indenização à família da vítima ocorrer de forma consensual não tem processo, se não, é condenado à cadeia por dez anos. Para os crimes de morte, pena de morte, uma bala na nuca, que era cobrada dos familiares, depois 1997 é mais frequente a injeção letal.
Foram 37 dias entre o hospital e a cidade, algumas compras, afinal o paraíso de compras é aqui, tudo o que você pode imaginar estará ao seu alcance, basta que tenha disposição e dólares para gastar. Silk Street, Pearl Market, Zhu Bao Silk Market são alguns shoppings de compras, pechincha é a palavra, pode-se comprar até por 25% do valor inicial, paciência e desinteresse pela compra pode significar um bom negócio, alguns com melhor qualidade e preço.
Com o tempo acostumamos a ver grandes obras, grandes elevados, grande cidade e população, porém, o grande calor humano com que fomos recebidos e tratados é que fizeram o diferencial. Acredito que essa viagem nos aproximou muito de nossos amigos chineses, derrubou tabús e ignorância, trouxe o aprendizado que já havia referido anteriormente. Orgulhosos de torcer pelo “Bací”, nos admiram pelos nossos grandes olhos, entretanto, aqueles olhinhos meio fechados vêm muito mais longe que imaginamos. A China despertou!
Obs: O relato é sobre as situações vividas nos dias que lá passamos e pelos lugares que visitamos em Beijing, significando que outras situações e lugares podem ser diferentes nessa imensidão que é a China.
Texto do blog – Fotos do autor (-1)
21 de julho de 2010
6 de julho de 2010
Tratamento na China – Primeira parte
Diversas vezes iniciei um texto objetivando postá-lo nesse blog e outras tantas os apaguei por não ter a certeza de estar certo, afinal essa experiência não é qualquer uma, esconde-se por detrás dessa viagem muitas lutas, algumas vencidas outras nem tanto, algumas dores, muitas lágrimas e sustos, sonhos sem fim, tantas coisas que tenho receio de esquecer algumas delas.
Agora mais do que nunca acredito que acertamos e, para nós, tratava-se de um grande e arriscado passo, pois diversos cientistas e pesquisadores ai no Brasil, além dos médicos, nos diziam que os procedimentos aqui na China eram experimentais e alguns até disseram que era “um negócio da China”, pejorativamente, referindo-se a cobrança pelo tratamento. Entretanto, sabemos que a origem dessa expressão é que se trata de um bom negócio para ambas as partes, melhor para os expedicionários ocidentais que iam à China comprar barato e vender caro, parceria foi a realidade que encontramos aqui, pois não viemos comprar nada, viemos em busca de esperança, compreensão e melhorias na qualidade vida.
Como podem ver nesse relato, essa decisão teve suporte em situações já vividas por uma família amiga, que em desespero vieram sozinhos para cá e voltaram vencedores com seu filho Victor, (portador de Moyamoya - (http://www.unistemcells.com/en/patientstory/Moyamoya073849452.htm) totalmente recuperado após tratar-se no Wu Medical, tendo sido desenganado no Brasil).Também quero reportar-me a uma situação bem singular, que apressou nossa decisão, que foi-nos dito por um médico da área de pesquisas no Instituto Genoma da USP: “Tratamento com células-tronco não é para a geração de seu filho.”
Em que pese algumas pessoas menos informadas acharem que viemos para cá enganados, esclareço que nada disso ocorreu, é claro que muitos achavam que o idioma seria um empecilho nas comunicações, não foi, falam inglês como todos e assim foi-nos esclarecido como o tratamento seria feito, qual o tipo de células-tronco seriam utilizadas, onde, quantas e como seriam as induções, quanto custaria e detalharam o custo, de medicamentos, fisioterapias, massagens, alimentação e hospedagem para o paciente e seus acompanhantes.
Chegamos a Beijing e já nos esperávamos no maravilhoso aeroporto internacional a assistente social do hospital e o condutor do veículo adaptado ao transporte. Depois de 22 horas de vôo e oito em espera de conexão em Frankfurt/Alemanha, estávamos a caminho de nosso destino e do momento crucial onde as nossas verdades e mentiras de outrem seriam testadas e postas a prova e lá chegando deparamos com exatamente o que tínhamos visto nos folders e site do Wu Medical Center (http://www.unistemcells.com/) , aliás, era muito mais, pois aqueles não detalham a alegria e simpatia que nos receberam.
Sem dúvida a princípio se tem uma leve preocupação, logo a ansiedade e a expectativa de poder submeter nosso filho a um tratamento único no mundo, na China, se diluem e sentimos a sensação de cumprimento de etapa e uma alegria imensa por já termos conseguido chegar e estarmos prestes a ver o início da concretização de nossos sonhos. Inicio imediato, pois, de pronto, fomos levados ao apartamento e após nos acomodarem iniciaram a bateria de exames em nosso filho. A realização do sonho havia começado.
Faremos uma narrativa em duas partes ou três se necessário, não para provocar ansiedade e expectativa e sim porque a última indução ocorreu hoje (06/07) e novos resultados ainda aparecerão. Assim poderemos melhor detalhar situações positivas que os negociadores da saúde brasileira teimam em esconder, pois nós acreditamos que o uso de células-tronco, secretamente, ai no Brasil é um fato, desconhecemos, porém, os resultados. Também para que outras pessoas ou familiares portadores de patologias aqui tratadas possam interagir e saber dos resultados conseguidos e, com informações reais de quem lá esteve, tomem suas decisões.
Assuntos correlatos e demais partes: http://uniaodasdistrofias.blogspot.com/
Texto e fotos do autor.
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2 de julho de 2010
Que merda, perdemos de novo!
Estou aqui na China e só aqui são 1.3 bilhões de pessoas, e acredito sem medo de errar, que no mínimo 600 milhões torciam pelo “BACI”, e como eu, agora, estão órfãos.
Cabe culpa a alguém? Dunga, Ricardo Teixeira, Rede Globo, Lula? Não, a ninguém, afinal essa não é primeira vez e nem será a última, e como dirão os sábios entendidos agora que fomos pra vala, precisamos nos preparar para a próxima e ficarão dias e dias procurando explicações para o inexplicável.
É claro que quem deve estar rindo disso deve ser o Johan Cruyff, craque holandês que criticou a seleção brasileira, e com toda razão, afinal ele sabia que nosso futebol sempre foi superior, porém o que ele também sabe e nós fazemos questão de fingir que não sabemos, é a nossa incompetência em designar nossos “técnicos” e “capitães”, pois no Brasil basta apenas jogar um futebol razoável para se ungir um técnico de seleção, arrogante e ameaçador.
Responsável por escolher como capitão de equipe, um zagueiro, com frustrações de atacante, que viu toda sua equipe ser espancada pelos holandeses, sem punição alguma pelos sempre incompetentes árbitros da FIFA , e em momento algum, teve uma atitude de verdadeiro capitão junto ao benevolente (para a Holanda) árbitro. Venceu novamente o futebol da força e da truculência e os artistas despreparados psicologicamente perderam.
Sempre foi e sempre será assim, altos e baixos, pois nossos atletas nunca estão, psico e fisicamente, preparados para eventos de tal envergadura. Formamo-nos nas várzeas e acreditamos sobrepujar outros competidores apenas com nossa qualidade inata que desenvolvemos nas lides ou com nossa “magia” cantada em versos e prosas e agora em lágrimas, mas jamais, como tudo em nosso país, temos a seriedade e a profissionalidade de comportamento necessária a esses momentos.
Jogos medíocres pautaram o início dessa competição tornando-a enfadonha e entediante, as coisas foram se delineando e até a Alemanha, com o futebol tático e de cintura dura se sobressaiu, porém, nós brasileiros já nos víamos na final com “nossos hermanos argentinos, e vencendo-os, sagrando-nos hexacampeões e todos nossos problemas estariam resolvidos.
Estamos preparados para eventos de porte? Não! Nem nossos atletas e nem nosso país, porquanto preocupamo-nos sempre com os resultados que poderemos obter em vista do que sabemos e aprendemos, nunca, entretanto, daquilo que planejamos e estudamos levando em consideração o tempo real em que se consegue assimilar os ensinamentos, pois, não se forja uma geração culta sem proporcionar-lhe uma educação de alto nível.
Resta-nos, aplaudir e torcer pela seleção argentina, afinal somos todos “hermanos”.
Cabe culpa a alguém? Dunga, Ricardo Teixeira, Rede Globo, Lula? Não, a ninguém, afinal essa não é primeira vez e nem será a última, e como dirão os sábios entendidos agora que fomos pra vala, precisamos nos preparar para a próxima e ficarão dias e dias procurando explicações para o inexplicável.
É claro que quem deve estar rindo disso deve ser o Johan Cruyff, craque holandês que criticou a seleção brasileira, e com toda razão, afinal ele sabia que nosso futebol sempre foi superior, porém o que ele também sabe e nós fazemos questão de fingir que não sabemos, é a nossa incompetência em designar nossos “técnicos” e “capitães”, pois no Brasil basta apenas jogar um futebol razoável para se ungir um técnico de seleção, arrogante e ameaçador.
Responsável por escolher como capitão de equipe, um zagueiro, com frustrações de atacante, que viu toda sua equipe ser espancada pelos holandeses, sem punição alguma pelos sempre incompetentes árbitros da FIFA , e em momento algum, teve uma atitude de verdadeiro capitão junto ao benevolente (para a Holanda) árbitro. Venceu novamente o futebol da força e da truculência e os artistas despreparados psicologicamente perderam.
Sempre foi e sempre será assim, altos e baixos, pois nossos atletas nunca estão, psico e fisicamente, preparados para eventos de tal envergadura. Formamo-nos nas várzeas e acreditamos sobrepujar outros competidores apenas com nossa qualidade inata que desenvolvemos nas lides ou com nossa “magia” cantada em versos e prosas e agora em lágrimas, mas jamais, como tudo em nosso país, temos a seriedade e a profissionalidade de comportamento necessária a esses momentos.
Jogos medíocres pautaram o início dessa competição tornando-a enfadonha e entediante, as coisas foram se delineando e até a Alemanha, com o futebol tático e de cintura dura se sobressaiu, porém, nós brasileiros já nos víamos na final com “nossos hermanos argentinos, e vencendo-os, sagrando-nos hexacampeões e todos nossos problemas estariam resolvidos.
Estamos preparados para eventos de porte? Não! Nem nossos atletas e nem nosso país, porquanto preocupamo-nos sempre com os resultados que poderemos obter em vista do que sabemos e aprendemos, nunca, entretanto, daquilo que planejamos e estudamos levando em consideração o tempo real em que se consegue assimilar os ensinamentos, pois, não se forja uma geração culta sem proporcionar-lhe uma educação de alto nível.
Resta-nos, aplaudir e torcer pela seleção argentina, afinal somos todos “hermanos”.
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