
.
A Partir de agora, no serviço público, nós,
Procuradores da República dos Procuradores, e eles, os Magistrados, teremos a
exclusividade de poder conjugar nas primeiras pessoas o verbo MORAR. Fica
combinado que, doravante, o resto da choldra do funcionalismo não vai mais
"morar". Eles irão apenas se "esconder" em algum buraco,
pois morar passou a ser privilégio de uma casta superior.
Tomara que Deus não exista... Penso como seria
complicado, depois de minha morte (e mesmo eu sendo um ser superior, um Procurador
da República, estou certo que a morte virá para todos), ter que explicar a Deus
que esse vergonhoso auxílio moradia era justo e moral. Como seria difícil
tentar convencê-Lo (a ele, Deus) que eu, DEFENSOR da Constituição e das Leis,
guardião do princípio da igualdade e baluarte da moralidade, como é que eu,
vestal do templo da Justiça, cheguei a tal ponto, a esse ponto de me deliciar
nesse deslavado jabá chamado auxílio moradia.
Tomara, mas tomara mesmo que Deus não exista,
porque Ele sabe que eu tenho casa própria, como de resto têm quase todos os
Procuradores e Magistrados e que, no fundo de nossas consciências, todos nós
sabemos, e muito bem, o que estamos prestes a fazer.
Mas, pensando bem, o Inferno não haverá de ser
assim tão desagradável com dizem, pois lá, estarei na agradável companhia de
meus amigos Procuradores, Promotores e Magistrados. Poderemos passar a
eternidade debatendo intrincadas teses jurídicas sobre igualdade, fraternidade,
justiça, moralidade e quejandos.
Como dizia Nelson Rodrigues, toda nudez será
castigada!
Texto de Davy Lincoln Rocha - Procurador da
Justiça - Joinville/SC
Foto ilustrativa
Li no blog do Reinaldo Azevedo, onde ele citando o termo por ele inventado no livro “O País dos Petralhas I” onde nos mostra um exemplo do desmando que atinge os poderes e aqueles que justificam o assalto aos cofres públicos em nome de uma causa, que pode ser legal, normal nunca, imoral sempre!
ResponderExcluirNos diz também que a matemática elementar nos ensina,que com menos roubalheira, sobraria mais dinheiro para os pobres.
Lamentável, que quando ele diz: Sim, eu criei o termo, mas vocês
criaram a espécie, já sabia ele o tamanho da proliferação dessa danosa espécie!