Há muitos anos num maravilhoso país tropical, num dos estados mais atrasados nascia uma criança pobre, filho de uma senhora de costumes frouxos e suscetíveis a fuxicos de porta de rua. O pai, não conseguia se fixar em emprego algum, diziam ter a alma de vagabundo, jamais seria escolhido como operário padrão. Como garoto, temos que acrescer o fato de não haver nem terminado o curso primário. Sua educação formal se restringiu a ler, escrever e fazer as quatro operações. Cresceu em meio à rudeza dos excluídos.
Na juventude como trabalhador braçal foi excelente. Na verdade ali é o seu lugar. Sempre acontece com as pessoas que trabalham muito com o corpo e pouco com a cabeça, seu corpo se desenvolveu de forma invejável. Contam casos de ter usado seus músculos para espancar um grupo de adversários.
Podem imaginar o seu comportamento numa mesa de almoço? Trocando o suave vinho por marafo. Seria vergonhoso... cotovelos sobre a mesa, empurrando a comida com o dedão, falando de boca cheia...dizendo com a língua presa e voz rouca... “minha mãe nasceu analfabeta”.
E a vida continuou, saiu em pau-de-arara direto pra capital e no bairro operário foi tentar fazer aquilo que fazia em sua terra natal, nada. Mas ali para sobreviver é preciso trabalhar, fez curso pratico nas máquinas de torno. Casou com uma senhora pródiga em falar como ele e ao se tornar cidadã italiana, lascou:- Pensei numa vida melhor para nossos filhos! Teve filhos. E que filhos! Rei Midas, era fichinha, eles sim são especialistas na arte de se tornarem ricos. Assistiu o domínio dos fardados e suas incompetências político-administrativas, gritou, esperneou e foi preso.
Não foi exilado e nem torturado, mas recebe aposentadoria como se fosse um reservista da guerra. Perdeu aquele dedo, que muita gente diz que ele cortou para aposentar-se por invalidez. Tudo pronto, tornou-se o Ali Baba e os quatrocentos etc. e juntos ficaram décadas arquitetando o Abre-te Sézamo dos cofres da nação. Quase ganharam do Caçador de Marajás...mas tinha história do aborto, que acabou abortando o sonho, porém, como água mole em pedra dura..., conseguiram.
Hoje os opositores, também chegados a uma propina, estão horrorizados por terem permitido que o semi-analfabeto venha a fazer o sucessor, após ter aprendido a utilizar o tempo de prorrogação tão bem quanto eles. E a situação atual que rola agora não deve ser muito diferente das que rolaram no feudo Filosófico. Parece que a história está cheia de situações parecidas – e é só por isto que podemos aprender dela. Tem mantido relações com seus pares, do petróleo, da coca, o nacionalista, todos papagaios quanto ele, estúpidos idem. Quem sabe um dia desses ele acorda invocado e ao invés de ficar se achando o "cara" , reduz os juros a zero. Viva!!!
Porém, o medo agora é que a criatura tenha superado o criador e que a utilização de programas paternalistas, bolsas, vales, com maestria digna de um velho cacique, possam fazer do sono um pesadelo. Quem sabe a memória do menino pobre que se candidatou e ganhou, pode nos ajudar a compreender a diferença entre aquele marajá que teve a oportunidade de fazer alguma coisa de bem para a nação e, ao invés de construir um governo, construiu uma quadrilha, jogando o sonho de milhões de cidadãos por terra, e ele!
Parodiando o texto: A que ponto chegamos....Dez/89-Rubens Alves
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